Seagull: Turbine Sua Venda de Put

Olá, investidor! Que bom te ver por aqui. Como um colega que já trilhou alguns caminhos no mercado financeiro, sei o quanto pode ser desafiador dar os primeiros passos e, mais ainda, buscar formas de otimizar seus resultados. É por isso que gosto de compartilhar um pouco do que aprendi. Hoje, quero falar sobre uma estratégia de opções que pode ser uma verdadeira “turbinada” na sua venda de Put tradicional: a Seagull.

Se você já vendeu uma Put, sabe que é uma forma interessante de gerar renda ou até mesmo de comprar uma ação que você gosta por um preço mais baixo. Mas e se eu te dissesse que é possível potencializar – e muito! – o prêmio que você recebe nessa operação? É exatamente isso que a Seagull faz.

Vamos desmistificar essa estratégia juntos, entender como ela funciona, quais são os cenários ideais para usá-la e, claro, quais cuidados você precisa ter. Afinal, no mercado, conhecimento é o seu maior aliado.

O Que é a Seagull Estratégia Opções?

A Seagull, também conhecida como gaivota, é uma estrutura que combina uma operação de venda de Put com uma trava de alta utilizando Calls. Parece complicado? Calma, vamos simplificar.

Pense na sua venda de Put normal. Você vende o direito de alguém te vender uma ação por um determinado preço (o strike) em uma data futura, e por isso você recebe um valor, que chamamos de prêmio. A ideia da Seagull é pegar esse prêmio que você recebeu e usá-lo para montar uma outra operação: uma trava de alta com Calls.

Uma trava de alta com Calls é uma estratégia onde você compra uma Call (direito de comprar a ação) com um strike mais baixo e vende uma Call com um strike mais alto. O objetivo dessa trava é lucrar com a alta da ação.

Então, a Seagull é, essencialmente, a união dessas duas coisas:

  1. Venda de uma Put: Você vende uma Put com um determinado strike, recebendo um prêmio.
  2. Montagem de uma Trava de Alta com Calls: Com o prêmio recebido da venda da Put, você compra uma Call com um strike acima do strike da Put vendida e vende outra Call com um strike ainda mais alto.

O grande sacada aqui é que o prêmio que você recebe na venda da Put é usado para “pagar” a montagem da trava de alta com Calls. Em muitos casos, é possível montar a Seagull por um custo muito baixo, ou até mesmo recebendo um pequeno valor líquido no início.

Como a Seagull Funciona na Prática?

Para entender a Seagull, precisamos olhar para os diferentes cenários que podem acontecer com o preço da ação até a data de vencimento das opções.

Imagine que você montou uma Seagull em uma ação que está sendo negociada a R$ 31,71. Você vendeu uma Put com strike em R$ 31,76 e, com o prêmio recebido, montou uma trava de alta com Calls, comprando uma Call com strike em R$ 32,76 e vendendo uma Call com strike em R$ 33,76 (esse é um exemplo mais conservador).

Cenários da operação

Vamos ver o que acontece em diferentes situações:

  1. Ação Cai Abaixo do Strike da Put Vendida (Ex: Cai para R$ 30,00):
    • A Put que você vendeu estará “dentro do dinheiro” (in the money). Isso significa que quem comprou a Put de você terá o direito de te vender a ação por R$ 31,76. Você será “exercido” e terá que comprar a ação por esse preço, mesmo que ela esteja valendo menos no mercado.
    • A trava de alta com Calls estará “fora do dinheiro” (out of the money) e provavelmente virará pó (perderá todo o valor).
    • Nesse cenário, o principal resultado é que você terá que assumir a ação na sua carteira pelo preço do strike da Put (R$ 31,76). É por isso que, ao montar uma Seagull, você precisa ter o dinheiro disponível para comprar as ações e, mais importante, estar disposto a tê-las na sua carteira por esse preço. O material que analisamos chama isso de “notional” – o valor total que você precisaria para comprar as ações caso seja exercido na Put.

  2. Ação Fica Entre o Strike da Put Vendida e o Primeiro Strike da Trava de Alta (Ex: Fica entre R$ 31,76 e R$ 32,76):
    • A Put que você vendeu estará “fora do dinheiro” e virará pó. Ótimo, você não precisa comprar a ação.
    • A trava de alta com Calls também estará “fora do dinheiro” e virará pó.
    • Nesse caso, todas as opções expiram sem valor. O resultado da operação será o pequeno custo que você teve para montar a Seagull (ou o pequeno prêmio que recebeu). No exemplo que vimos, o custo foi de R$ 10, então você teria um pequeno prejuízo de R$ 10. Basicamente, um “zero a zero”.

  3. Ação Sobe e Fica Entre os Strikes da Trava de Alta (Ex: Fica entre R$ 32,76 e R$ 33,76):
    • A Put que você vendeu virou pó.
    • A primeira Call da trava (a que você comprou com strike R$ 32,76) estará “dentro do dinheiro” e terá valor.
    • A segunda Call da trava (a que você vendeu com strike R$ 33,76) ainda estará “fora do dinheiro” e virará pó.
    • Nesse cenário, a trava de alta começa a dar lucro. O lucro aumenta à medida que a ação sobe em direção ao strike da Call vendida (R$ 33,76).

  4. Ação Sobe Acima do Segundo Strike da Trava de Alta (Ex: Sobe para R$ 34,00 ou mais):
    • A Put que você vendeu virou pó.
    • Ambas as Calls da trava de alta estarão “dentro do dinheiro”. A Call que você comprou (strike R$ 32,76) e a Call que você vendeu (strike R$ 33,76) terão valor.
    • Nesse ponto, o lucro da trava de alta atinge seu valor máximo. A diferença entre os strikes das Calls (R$ 33,76 – R$ 32,76 = R$ 1,00) determina o lucro máximo por ação na trava. Como você montou várias travas, o lucro total pode ser bem expressivo.

A Potencialização: Por Que a Seagull Pode Multiplicar Prêmio?

A grande atração da Seagull é a capacidade de multiplicar o prêmio que você receberia em uma simples venda de Put. No exemplo mais conservador que vimos, a potencialização foi de cerca de 4 vezes o prêmio da Put. Mas no exemplo mais agressivo, a potencialização poderia chegar a 13 vezes ou mais!

Como isso acontece? Ao usar o prêmio da Put para montar a trava de alta com Calls, especialmente se essa trava for montada com strikes mais distantes do preço atual da ação (mais “fora do dinheiro”), o custo para montar cada trava individualmente é muito baixo. Isso permite que você monte um número muito maior de travas de alta do que montaria se estivesse pagando por elas com capital próprio.

Exemplo de maior risco

No exemplo agressivo com Petrobras, o prêmio da venda de 1000 Puts foi de R$ 770. O custo para montar uma trava de alta com Calls bem fora do dinheiro (strike R$ 34,76 e R$ 35,76) era de apenas R$ 0,07 por trava. Com R$ 770, foi possível montar 11.000 travas!

Se a ação subir o suficiente para que essas 11.000 travas atinjam o lucro máximo (R$ 1,00 por trava), o lucro total seria de R$ 11.000. Comparado aos R$ 770 que você receberia na venda de Put simples, isso é uma potencialização enorme!

É importante notar que esse lucro de R$ 11.000 é sobre o “notional” da operação, que é o valor total que você precisaria ter disponível para assumir as ações caso a Put seja exercida (no exemplo, cerca de R$ 31.760). Um lucro de R$ 11.000 sobre R$ 31.760 representa um retorno de mais de 30% sobre o capital de risco em um curto período! E o melhor: esse capital de risco pode estar aplicado em renda fixa, rendendo enquanto a operação de opções se desenvolve.

Quando Usar a Seagull Estratégia Opções? O Timing é Tudo!

A Seagull não é uma estratégia para ser usada a qualquer momento. Ela brilha em um cenário específico: quando você acredita que uma ação, que você considera fundamentalmente barata e estaria disposto a ter na carteira, atingiu um “fundo” e tem grande potencial de dar um repique forte e rápido.

Pense nisso:

  1. Ação Barata e de Qualidade: O principal risco da Seagull é ter que assumir a ação. Portanto, você só deve montar essa estrutura em ações que você realmente gosta, que considera baratas do ponto de vista fundamentalista e que não se importaria de ter na sua carteira a longo prazo, mesmo que o preço caia no curto prazo.
  2. Identificando um Fundo: A Seagull se beneficia enormemente de um movimento de alta expressivo. Olhar para o gráfico da ação e identificar momentos em que ela teve quedas acentuadas e depois se recuperou rapidamente pode ajudar a visualizar oportunidades. O material que analisamos mostrou exemplos em Petrobras, onde após quedas fortes, a ação teve altas significativas em períodos curtos.
  3. Expectativa de Repique Rápido: A Seagull geralmente é montada com opções de vencimento próximo (um ou dois meses). Para que a trava de alta com Calls dê lucro, a ação precisa subir dentro desse prazo. Portanto, você precisa ter a convicção de que um movimento de alta forte e rápido é provável.

Não é fácil acertar o fundo e o momento exato de um repique. Por isso, a Seagull é uma estratégia que você usará de vez em quando, quando o cenário parecer propício, e não todo mês.

Riscos e Cuidados Essenciais ao Usar a Seagull

Apesar do potencial de retorno explosivo, a Seagull envolve riscos que precisam ser compreendidos e gerenciados:

  1. Risco de Assumir a Ação: Como já mencionei, o principal risco é ter que comprar a ação pelo strike da Put vendida caso o preço caia. Se você não tiver o capital disponível (o “notional”) ou não estiver disposto a ter a ação na carteira, essa estratégia não é para você.
  2. Gerenciamento da Quantidade: É tentador buscar o lucro máximo, mas você precisa controlar a quantidade de Seagulls que monta. Nunca use 100% do seu capital de risco em uma única operação ou ação. Se a operação der errado e você tiver que assumir as ações, não vai querer ficar sobrealocado em um único ativo. Defina um percentual máximo do seu capital que você está disposto a alocar em operações de venda de Put ou Seagull.
  3. Não é Para Todo Momento: Evite a tentação de montar Seagulls constantemente. Ela é mais adequada para momentos específicos de mercado, geralmente após quedas acentuadas em ações de qualidade. Montar essa estrutura em outros cenários pode aumentar a probabilidade de ter que assumir a ação sem que o movimento de alta esperado se concretize.
  4. Complexidade: Embora tenhamos simplificado aqui, a Seagull é mais complexa que uma simples venda de Put. Entender o gráfico de payoff (que mostra o lucro/prejuízo em diferentes preços da ação no vencimento) e como as diferentes “pernas” da operação (a Put vendida e as Calls da trava) interagem é fundamental.

Seagull: Uma Ferramenta Poderosa Para o Investidor Preparado

A Seagull é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa no arsenal do investidor que busca potencializar seus ganhos no mercado de opções. Ela permite transformar uma operação de renda (a venda de Put) em uma operação com potencial de lucro explosivo, utilizando o prêmio recebido para financiar uma aposta direcional na alta da ação.

No entanto, como toda ferramenta poderosa, ela exige conhecimento, disciplina e um bom gerenciamento de risco. Você precisa estar confortável com a possibilidade de assumir a ação e ser capaz de identificar os momentos mais propícios no mercado para montar essa estrutura.

Se você se dedica a estudar as empresas (análise fundamentalista) e a entender os movimentos de preço (análise gráfica), e está disposto a gerenciar o risco de assumir a ação, a Seagull pode ser uma excelente adição às suas estratégias. Lembre-se: o objetivo é usar essa potencialização com sabedoria, buscando retornos expressivos em momentos oportunos, sem comprometer a saúde geral da sua carteira.

Espero que esta explicação tenha sido útil para você entender melhor a Seagull. O mercado de opções oferece um universo de possibilidades, e dominar estratégias como essa pode fazer uma grande diferença nos seus resultados a longo prazo. Continue estudando e operando com inteligência!

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