Derivativos: Um Guia Completo para Iniciantes

Entendendo seus Tipos e Funcionamento

Tempo de leitura: 14 minutos

Olá, caro investidor! Se você está dando seus primeiros passos no mundo dos investimentos, provavelmente já se deparou com o termo “derivativos” e, consequentemente, ficou intrigado. No entanto, fique calmo, pois você não está sozinho nesta jornada. Como investidor com algumas décadas de experiência, tenho o prazer de compartilhar meu conhecimento e vivência para, assim, ajudá-lo a entender esse fascinante universo dos derivativos financeiros.

Antes de mergulharmos nos detalhes, quero que você imagine o seguinte cenário: você planeja uma viagem internacional para daqui a seis meses e, naturalmente, está preocupado com a variação do dólar. Além disso, você gostaria de garantir que o valor da sua viagem não aumente caso o dólar suba. Bem, é justamente nesse momento que entram os derivativos! Portanto, essas ferramentas podem ajudar em situações como essa e, adicionalmente, em muitas outras circunstâncias financeiras.

O que são Derivativos?

Derivativos são contratos cujo valor “deriva” de outro ativo subjacente. Esse ativo subjacente pode ser: ações, moedas, commodities (como ouro ou petróleo), taxas de juros e, surpreendentemente, até mesmo o clima! De fato, você leu certo, existem derivativos baseados em condições climáticas.

Então, por que alguém usaria derivativos? Bem, existem dois motivos principais:

Primeiramente, proteção (também chamada de hedge): Para se proteger contra possíveis perdas futuras.

Em segundo lugar, especulação: Para tentar obter lucros apostando na direção do mercado.

Retomando nosso exemplo da viagem, usar um derivativo para garantir uma taxa de câmbio futura seria, portanto, uma forma de proteção. Por outro lado, se você acredita que o dólar vai subir e, consequentemente, quer lucrar com isso, poderia usar derivativos para especular.

Agora que entendemos o básico, vamos, então, explorar os diferentes tipos de derivativos. Existem quatro tipos principais que você precisa conhecer: contratos a termo, contratos futuros, swaps e opções. Cada um deles tem, naturalmente, suas particularidades e usos específicos. Assim sendo, vamos mergulhar em cada um deles!

Contratos a Termo: O Acordo de Cavalheiros do Mundo Financeiro

Imagine que você é um produtor de café. Você trabalha o ano inteiro cuidando da sua plantação, mas está sempre preocupado com o preço que conseguirá quando for vender sua safra. E se o preço cair justamente na época da colheita? É aí que entra o contrato a termo.

Um contrato a termo é como um acordo de cavalheiros para comprar ou vender algo no futuro por um preço predeterminado. No nosso exemplo, você, como produtor de café, poderia fazer um contrato a termo, concordando em vender sua safra daqui a seis meses por um preço fixo.

Isso te protege contra quedas no preço, mas também te impede de se beneficiar caso o preço suba. É um trade-off que muitos produtores estão dispostos a fazer pela segurança de saber exatamente quanto receberão pela sua produção.

Tipo de derivativos: Contrato a termo
Contrato a termo

Características principais dos contratos a termo:

  • As partes negociam diretamente entre si de acordo com seus interesses (no chamado mercado de balcão)
  • As partes podem personalizar os contratos de acordo com suas necessidades
  • As partes geralmente liquidam os contratos apenas na data de vencimento

A flexibilidade é a grande vantagem dos contratos a termo. Você pode negociar exatamente o que precisa, na quantidade que precisa e para a data que precisa. No entanto, essa flexibilidade vem com um preço: como as partes personalizam os contratos, pode ser difícil revendê-los ou cancelá-los antes do vencimento.

Realidade do Investidor Pessoa Física

Porém, vamos a realidade dos fatos para o investidor pessoa física como nós, iremos analisar esse processo passo a passo. Primeiro, você escolhe as ações que deseja comprar a termo. Em seguida, define o prazo para liquidação da operação, que geralmente varia entre 30, 60, 90 e 120 dias.

Para iniciar uma operação a termo, as corretoras exigem garantias que assegurem a compra de ações nessa modalidade. Essas garantias podem ser diversas, incluindo dinheiro, ações, títulos, fundos imobiliários, entre outros ativos. No momento da contratação, a corretora estabelece a taxa que será cobrada pelo serviço. É importante notar que, geralmente, quanto maior o prazo da operação, maior será a taxa aplicada. Ao final do prazo estabelecido, você deve, então, liquidar a operação, o que envolve pagar o valor das ações compradas mais a taxa acordada inicialmente.

Além disso, é fundamental acompanhar de perto sua operação a termo durante todo o período. Isso significa observar atentamente as variações do mercado e, ao mesmo tempo, estar preparado para possíveis chamadas de margem. Vale lembrar que o mercado financeiro é extremamente dinâmico e, consequentemente, os preços das ações podem variar significativamente em curtos períodos.

Estratégia para especuladores e investidores de longo prazo

As operações a termo podem ser utilizadas de diversas formas, dependendo do perfil e dos objetivos do investidor. Além disso, uma das principais vantagens das operações a termo é a alavancagem, uma vez que permite que você compre um volume maior de ações do que seria possível com seu capital disponível. Por outro lado, investidores agressivos podem usar o termo para aumentar sua exposição em momentos de alta do mercado, aproveitando a alavancagem para potencializar seus ganhos. A flexibilidade na escolha do prazo que melhor se enquadra na sua estratégia de investimento é outro ponto positivo.

Para investidores de longo prazo, as operações a termo podem ser uma forma de antecipar a compra de ações que desejam, aproveitando momentos de preços baixos. Além disso, você pode aproveitar boas oportunidades de investimento mesmo sem ter o dinheiro disponível no momento. Contudo, como em qualquer investimento, as operações a termo envolvem riscos que precisam ser cuidadosamente considerados em relação as taxas cobradas.

Exemplo de negociação de contrato a termo.

Contratos futuros: O Primo mais Sofisticado dos Contratos a Termo

Agora, vamos conhecer os contratos futuros. Eles são como os primos mais sofisticados dos contratos a termo. Têm a mesma ideia básica, mas com algumas diferenças importantes que os tornam mais atraentes para muitos investidores.

Voltando ao nosso exemplo do café, em vez de negociar diretamente com um comprador, você poderia negociar contratos futuros de café na bolsa. Esses contratos têm especificações padronizadas, como quantidade, qualidade e data de entrega.

Tipo de derivativos: Contratos futuros
Contratos futuros

Características principais dos contratos futuros:

  • Investidores negociam estes contratos em bolsas de valores
  • As bolsas padronizam os contratos, o que aumenta sua liquidez
  • As partes realizam ajuste diário (chamado de “marking to market”)
  • Os participantes devem fazer depósito de margem

Modalidade Trader

A padronização e a negociação em bolsa tornam os contratos futuros mais transparentes e fáceis de negociar do que os contratos a termo. Os contratos de mini-índice e mini-dólar são os favoritos entre investidores no mercado de derivativos brasileiro. Estes instrumentos oferecem oportunidades únicas para traders, combinando alta liquidez com menor capital inicial.

O mini-índice, que espelha o Índice Bovespa, destaca-se por sua alta liquidez, menor valor financeiro comparado ao contrato cheio, margem de garantia mínima de R$ 100 no daytrade para movimentar aproximadamente R$ 25 mil. Por outro lado, o mini-dólar é procurado por investidores que buscam proteção contra volatilidade do dólar, ganhos com oscilações dólar/real, com margem de garantia mínima por contrato de R$ 150 no daytrade para movimentar R$ 60 mil. A alavancagem é um fator-chave nestes contratos.

O ajuste diário é uma característica interessante dos futuros. Todos os dias, o valor do seu contrato é atualizado de acordo com o preço de mercado. Se o preço subiu, você recebe a diferença; se caiu, você paga. Isso ajuda a distribuir o risco ao longo do tempo, em vez de concentrá-lo todo no vencimento.

Swaps: A Dança dos Fluxos de Caixa

Agora, vamos falar de algo um pouco mais complexo: os swaps. Em essência, pense neles como uma troca de fluxos de caixa futuros. Parece complicado? Não se preocupe, pois vou explicar com um exemplo do dia a dia.

Imagine, por exemplo, que você tenha um empréstimo com taxa de juros variável para comprar um carro. Consequentemente, você está preocupado que as taxas de juros possam subir, aumentando assim suas parcelas. Ao mesmo tempo, seu vizinho tem um empréstimo de taxa fixa para o carro dele, mas ele acredita que as taxas vão cair e, portanto, gostaria de aproveitar isso.

Então, o que vocês podem fazer? Isso mesmo, um swap! Neste caso, vocês concordam em trocar os pagamentos de juros entre si. Especificamente, você paga a taxa fixa que seu vizinho deveria pagar, enquanto ele, por sua vez, paga a taxa variável que você deveria pagar. Desta forma, ambos conseguem o que querem.

Além disso, este exemplo ilustra como os swaps podem ser útil para gerenciar riscos financeiros. No entanto, é importante lembrar que como qualquer recurso financeiro, os swaps também têm seus próprios riscos e complexidades.

Tipo de derivativo: Swap
Swap

Características principais dos swaps:

  • As partes geralmente negociam swaps no mercado de balcão
  • Os participantes podem personalizar swaps para atender às suas necessidades específicas
  • Os swaps envolvem apenas a negociação de fluxos de caixa, não do principal

Os swaps são muito usados por empresas para controlar riscos de taxa de juros ou câmbio. Por exemplo, uma empresa brasileira que tenha receitas em dólares, mas despesas em reais, pode usar um swap de moedas para proteger-se contra variações cambiais.

Opções: O Coringa dos Derivativos

Por fim, chegamos às opções, que são como o coringa dos derivativos. Elas oferecem mais flexibilidade do que qualquer outro tipo de derivativo.

Uma opção é um contrato que permite ao comprador o direito de comprar ou vender um ativo a um preço fixado até uma data determinada, porém o comprador mas não tem a obrigação em concretizar a operação. Existem dois tipos principais de opções:

Opções de compra (call): Permite o direito de comprar o ativo

Opções de venda (put): Permite o direito de vender o ativo

Vamos ver um exemplo prático. Suponha que você acredite que as ações da Petrobras, que estão sendo negociadas a R$ 30, vão subir nos próximos meses. Você poderia comprar uma opção de compra com preço de exercício de R$ 32 e vencimento em 3 meses.

Se o preço das ações subir para R$ 35, você pode exercer sua opção e comprar as ações por R$ 32, obtendo um lucro. Se o preço não subir acima de R$ 32, você simplesmente não exerce a opção. Você perde o que pagou pela opção (chamado de prêmio), mas não tem outras obrigações.

Tipo de derivativo: Opções
Opções

Características principais das opções:

  • São negociadas tanto em bolsa quanto no mercado de balcão
  • Oferecem maior flexibilidade e potencial de alavancagem
  • O comprador paga um prêmio pelo direito (mas não a obrigação) de exercer a opção

As opções são muito versáteis e podem ser usadas tanto para proteção quanto para especulação. Muitos investidores gostam das opções porque elas permitem limitar as perdas potenciais (você nunca perde mais do que o prêmio pago), mas mantêm o potencial de ganhos ilimitados.

Como os derivativos são usados na prática?

Agora que conhecemos os tipos de derivativos, vamos ver como eles são usados no mundo real:

  1. Proteção contra riscos: Uma empresa que importa produtos dos EUA pode usar contratos futuros de dólar para se proteger contra variações cambiais.
  2. Especulação: Um investidor que acredita que o preço do ouro vai subir pode comprar contratos futuros de ouro para tentar obter lucro.
  3. Arbitragem: Traders podem explorar diferenças de preços entre mercados diferentes para obter lucros sem risco.
  4. Alavancagem: Com uma quantidade relativamente pequena de capital, é possível controlar uma posição muito maior no mercado subjacente.

Riscos e cuidados ao investir em derivativos

Embora os derivativos possam ser ferramentas poderosas, eles também envolvem riscos significativos. É crucial entender esses riscos antes de se aventurar nesse mercado:

  1. Alavancagem: Assim como a alavancagem pode multiplicar os ganhos, também pode multiplicar as perdas. Você pode perder mais do que investiu inicialmente.
  2. Complexidade: Alguns derivativos são instrumentos complexos que exigem conhecimento aprofundado. Não invista no que você não entende.
  3. Risco de contraparte: Especialmente em contratos de balcão, existe o risco de a outra parte não cumprir suas obrigações.
  4. Volatilidade: Os preços dos derivativos podem ser extremamente voláteis, mudando rapidamente em resposta a notícias ou eventos do mercado.

Conclusão

Os derivativos são, sem dúvida, instrumentos financeiros fascinantes e versáteis. Por um lado, eles podem ser usados para proteção e, por outro lado, para especulação, oferecendo assim oportunidades interessantes para investidores experientes.

No entanto, é importante lembrar que, com grandes oportunidades, vêm também grandes responsabilidades. Além disso, os derivativos envolvem riscos significativos e, consequentemente, não são adequados para todos os investidores.

Portanto, se você está considerando investir em derivativos, é essencial, em primeiro lugar, estudar a fundo o assunto. Em seguida, é crucial entender os riscos envolvidos e, idealmente, buscar orientação de um profissional qualificado.

Lembre-se: no mundo dos investimentos, conhecimento é, de fato, poder. Assim sendo, quanto mais você entender sobre os diferentes instrumentos disponíveis, melhor preparado estará para tomar decisões e, consequentemente, alcançar seus objetivos financeiros.

Então, continue estudando e, além disso, praticando com simuladores. Acima de tudo, invista com responsabilidade. Embora o mundo dos derivativos possa ser complexo, com a abordagem certa, pode, no entanto, oferecer oportunidades emocionantes para diversificar e, por fim, potencializar sua estratégia de investimentos.

Explore mais deste assunto entendendo a história dos derivativos!

Glossário

  • Derivativos: Contratos financeiros cujo valor deriva de outro ativo subjacente.
  • Ativo subjacente: O ativo do qual o derivativo deriva seu valor.
  • Hedge: Estratégia de proteção contra riscos financeiros.
  • Contrato a termo: Acordo para comprar ou vender um ativo no futuro por um preço predeterminado.
  • Contrato futuro: Contrato padronizado negociado em bolsa para compra ou venda futura de um ativo.
  • Swap: Troca de fluxos de caixa futuros entre duas partes.
  • Opção: Contrato que dá o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um ativo a um preço predeterminado.
  • Alavancagem: Uso de capital emprestado para aumentar o retorno potencial de um investimento.
  • Mercado de balcão: Mercado onde transações financeiras são realizadas diretamente entre as partes, fora das bolsas de valores.
  • Prêmio: Valor pago pelo comprador de uma opção para adquirir o direito de exercê-la.

Perguntas e Respostas

Avatar de Evandro Cortes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Rolar para cima